DEZ MANDAMENTOS DO HAIKAI
1. O haikai é um poema conciso, formado de 17 sílabas, ou melhor, sons, distribuídas em três versos (5-7-5), sem obrigação de rima nem título e com o termo de estação do ano, o kigo.
2. O kigo é a palavra que representa uma das estações do ano: primavera, verão, outono e inverno. Exemplos: “borboleta”, “ipê”, “jacarandá”, etc, representam a primavera; “pernilongo”, “cigarra”, “maracujá”, etc, representam o verão; “neblina”, “pica-pau”, “Dia das Mães”, etc, representam o outono; “lareira”, “fogueira”, “festa junina”, etc, representam o inverno (ODA et al., 1994, p. 04).
3. Cada estação do ano tem a sua própria característica do ponto de vista da sensibilidade do poeta. Cada uma das quatro estações do ano transmite uma determinada emoção, que é captada pelo poeta e transformada em verso. Assim sendo, como referência de primavera, a sensação de alegria (ODA et al., 1994, p. 05)
4. O haikai é poema que expressa fielmente a sensibilidade do autor. Por isso respeitar a simplicidade. (ODA et al., 1994, p. 08)
5. A métrica ideal do haikai é a seguinte: 5 sílabas/sons no primeiro verso, 7 no segundo e 5 no terceiro, mas não há exigência rigorosa, obedecida a regra de não ultrapassar 17 sílabas ao todo, e também não muito menos que isso. E a contagem das sílabas termina sempre na sílaba tônica da última palavra de cada verso, sendo permitidas também as elisões (ODA et al., 1994, p. 11).
6. O haikai é poemeto popular; por isso usa-se palavras do quotidiano e de fácil compreensão. (ODA et al., 1994, p. 13).
7. O dono do haikai é o próprio autor, por isso, deve-se evitar imitação de qualquer forma, procurando sempre a verdade do espírito haicaísta, que exige consciência e realidade (ODA et al., 1994, p. 13).
8. O haicaísta atento capta a instantaneidade, qual apertar o botão da câmera para obter o “snap” (ODA et al., 1994, p. 14).
9. O haikai é considerado como uma espécie de diálogo entre autor e apreciador, por isso, não se deve explicar tudo por tudo. A emoção ou a sensação sentida pelo autor deve ser apenas sugerida a fim de permitir ao leitor o re-acontecer dessa emoção, para que ele possa concluir, à sua maneira, o poema assim apresentado. Em outras palavras, o haikai não deve ser um poema discursivo e acabado. (ODA et al., 1994, p. 15).
10. O haikai é uma criação poética emanada da sensibilidade do haicaísta, por isso, deve-se evitar expressões de causalidade ou de sentimentalismo vazio. (ODA et al., 1994, p. 16)
Extraido: http://www.artigonal.com/poesia-artigos/masuda-goga-e-os-dez-mandamentos-do-haikai-1192315.html
REFERÊNCIA:
ODA, Teruko; HANDA, Francisco. Introdução ao Haicai. São Paulo: Grêmio Haicai Ipê/Aliança Cultural Brasil-Japão Editores, 1994.